Por Petrônio Cavalcanti, para o blog
Na história da civilização, é marcante a presença dos gregos no nascimento da filosofia. Antes dos filósofos, os humanos davam as explicações sobre os acontecimentos de forma mitológica, que consistia em afirmar as origens dos objetos e dos sujeitos pela mitologia, pela crença, por lendas e pelo imaginário popular. Um tipo de explicação que surgia do medo, da experiência individual e de multiplicação dos fatos através de relatos dos mais idosos.
Não se pode desprezar esse conhecimento utilizado pelos primeiros homens e mulheres que habitaram o planeta. Com o surgimento dos filósofos, o conhecimento filosófico configurou um outro olhar e um outro sentido, fundamentados pela razão, pela lógica e pela explicação científica e material dos elementos existentes no cosmo. Afinal, esses pensadores eram considerados os primeiros cientistas, intérpretes das coisas, dos objetos, dos sujeitos. Eram eles que davam nomes e identidade a cada ente existente.
Segundo a filosofia, tudo tem causa e efeito, nome, identidade e característica. Assim fizeram os primeiros filósofos, dando a devida interpretação momentânea aos elementos existentes. Assim fizeram Tales, Pitágoras, Heráclito, Parmênides e tantos outros. Para eles, o que existia tinha um contexto e seus condicionantes.
No último pleito eleitoral ocorrido no Brasil, onde muitos cargos estavam em disputa, inclusive o de Presidente da República, a Filosofia teve um papel fundamental na interpretação de alguns fatos que eram propositalmente obscurecidos pelos partidos conservadores que a todo custo queriam chegar ao poder. Para tanto, utilizavam-se da mentira, das distorções dos fatos e da ausência de um debate imparcial.
Neste cenário, foi fundamental a participação da filósofa Marilena Chauí, uma das mais lúcidas e atuantes pensadoras do Brasil. Com sua capacidade interpretativa, ela colocava de forma efetiva os fatos nos seus devidos lugares.
Sua atuação foi marcante. As suas reflexões sobre o porquê de votar e dar continuidade ao governo Lula mexeram com quem estava até então atordoado, indeciso.
Chauí, com o saber da Filosofia, assumiu publicamente o debate político, despertando a grande maioria dos intelectuais brasileiros para um agir crítico, ético e político diante do contexto que não poderia ser impulsionado pela emoção, pelas crenças e lendas, pela neutralidade, o medo, a irracionalidade e prevalência de um pensamento, até então, dominado pela grande mídia. Como resultado dessas de tantas outras contribuições da mesma linha, o Brasil saiu vitorioso.
Petrônio Cavalcanti é graduado em Filosofia e professor da rede estadual de ensino em Pernambuco.
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