Por Teca Simões
Já houve uma época em que o presidente do Brasil foi muito atacado pela imprensa, e para resolver o problema, criou um jornal a favor do Governo. Não estou falando do presidente Lula, apesar da semelhança nos ataques da mídia. Refiro-me a Getúlio Vargas e o início do jornal "Última Hora", fundado em 1951 pelo jornalista Samuel Warner.
Com o golpe de 1964, e Wainer exilado, o periódico entrou em declínio. O governo militar fazia pressões sobre anunciantes, tirando subsídios e a publicidade oficial. O "Última Hora" acabou falindo, em 1971.
Durante a ditadutra, de 1964 a 1985 e, posteriormente, nos governos Collor, Itamar e FHC, houve uma enorme concentração de verba publicitária governamental destinada a poucas empresas de comunicação de TV e rádio, principalmente.
A torneira por onde jorravam as verbas públicas saciava a sede de uns poucos, notadamente de empresas de comunicação do eixo sudeste-sul.
Pois bem. No governo do presidente Lula, que iniciou-se em 2003, houve maior descentralização no destino dessas verbas e mais de 5 mil veículos de comunicação passaram a ser contemplados.
Agora, imagine a perda de receita que essa atitude gerou nos grandes grupos empresariais de mídia do país. O dinheiro que antes era destinado a alguns poucos passou a ser distribuído com mais veículos. Na visão dos monopolistas, isso é inadmissível.
Não é outra coisa o que está acontecendo agora, às vésperas da eleição presidencial. Redes de televisão, tendo à frente a Globo e editoras, capitaneadas por jornais como Folha de São Paulo e O Estadão, além da revista Veja, toda semana, ininterruptamente, desde que a candidata a presidente da República Dilma Rousseff-PT apareceu com reais chances de vitória, fabricam escândalos ou acrescentam nas notícias os acessórios que confundem os leitores, no intuito de atingir o PT.
Como exemplo dessa manobra temos a quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas a José Serra, candidato a presidente do Brasil. O fato surgiu de uma guerra interna do PSDB, envolvendo o próprio Serra e o governador de Minas Gerais Aécio Neves, quando ambos disputavam dentro do PSDB a indicação para concorrer a presidência do Brasil. A Rede Globo e os outros meios escondem este fato e o tal escândalo da quebra de sigilo é jogado na mídia como coisa do PT.
Você pode se perguntar, como a grande imprensa se presta a um papel desse? E a sua reputação de imparcial? Ora, os lucros que essas empresas tem com um governo aliado, favorável aos seus negócios, como é o caso de José Serra, se eleito, foge a nossa compreensão. Às favas com os escrúpulos, o que está em jogo são milhões de reais gastos por órgãos ou instituições do governo em publicidade, compras de revistas, jornal, apostilas e livros.