“Só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade” |
Com tanta mediocridade ocupando espaços na mídia brasileira, é sempre um alento, uma esperança, uma alegria, ouvir o que diz uma das maiores cantoras do Brasil. Beth Carvalho é uma artista de carreira brilhante e consolidada. Presidente de honra do PDT, ela possui convicções políticas que nos orgulham e encorajam. Sua opinião é necessária ao Brasil, assim como o próprio samba.
A entrevista a seguir foi concedida ao jornalista Valmir Moratelli, no iG. A foto é de George Magaraia.
Beth Carvalho: “CIA quer acabar com a cultura brasileira”
iG: Em seu novo CD, a letra “Chega” é visivelmente feminista. Por que é raro o samba dar voz a mulheres?
Beth Carvalho: O mundo, não só o samba, é machista. Melhorou bastante devido à luta das mulheres, mas a cada cinco minutos uma mulher apanha no Brasil. É um absurdo. Parece que está tudo bem, mas não é bem assim. Sempre fui ligada a movimentos libertários.
iG: De que forma o samba é machista?
Beth Carvalho: A maioria dos sambistas é homem. Depois de mim, Clara Nunes e Alcione, as coisas melhoraram. O samba é machista, mas o papel da mulher é forte. O samba é matriarcal, na medida que dona Vicentina, dona Neuma, dona Zica comandam os bastidores da história. Eu, por exemplo, sou madrinha de muitos homens (risos).
iG: A senhora é vizinha da favela da Rocinha. Como vê o processo de pacificação?
Beth Carvalho: Faltou, por muitos anos, a força do estado nestas comunidades. Agora estão fazendo isso de maneira brutal e, de certa forma, necessária. Mas se não tiver o lado social junto, dando a posse de terreno para quem mora lá há tanto tempo, as pessoas vão continuar inseguras. E os morros virarão uma especulação imobiliária.